segunda-feira, 8 de março de 2010

As ONGs e o nosso futuro

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo neste domingo, os fundadores da ONG ambiental “Ipê”, uma das maiores do país, denunciaram que as grandes ONGs do setor, todas internacionais acabam por atropelar o trabalho das ONGs locais, pois possuem mais fonte de arrecadação e, por isso, impõem a ordem de cima, sem levar em conta a importância da implementação dos projetos.

Na reportagem, pasmem, ficou claro, sob a visão desses ambientalistas outrora premiados, que o dinheiro dessas ONGs internacionais não são aplicados de maneira correta. Por falta de estrutura necessária, as grandes sublocam ONGs locais, mas determinam como, quando e onde o investimento será aplicado. Num exemplo bem pontual, para reflorestar uma área, é enviado um projeto pronto, sem ponderar que um trecho deve ser mantido ou modificado de outra forma, pois é importante para a biodiversidade local. Por que ela (ONG) tem o dinheiro, acha que sabe o que é melhor para aquele lugar.

O problema não está em sublocar uma ONG local, mas sim em não consultá-la sobre qual é a melhor forma de investir num projeto. Pior ainda é saber que o terceiro setor foi acoplado á sociedade como uma alternativa ao setor público e privado, clássicos em planejar olhando de cima, um modelo de gestão assumidamente ineficiente. Não era para as ONGs serem diferentes?

Uma das justificativas seria de que as grandes ONGs não tem tempo para formular projetos densos, pois devem gastar a verba recebida em prazos estabelecidos e assim, enfiam goela abaixo o “achismo” presente na falta de planejamento.


Sem citar nomes para não cometer injustiça, ONGs grandiosas, inevitavelmente internacionais, tornaram-se, na verdade, grandes empresas de gestão que fazem mal uso do dinheiro público e o do filantrópico, cada vez mais com força de decisão sobre serviços básicos e bem estar da sociedade. A sensação é de que estamos transferindo a responsabilidade social para empresas com legislação diferenciada das privadas, por isso, instituições potencialmente perigosas. Mais do que dinheiro, elas possuem poder.

Este assunto de terceiro setor também se demonstra grave ao nos atentarmos que hoje inúmeras ONGs, organizações sociais e Oscips administram setores básicos como a saúde em São Paulo. Postos de saúde, rede de hospitais, são geridos por entidades sem fins lucrativos que custam o dobro da folha de pagamento de quando a administração era direta. A explicação acima também pode ser utilizada aqui.

Dentre os palpites mais otimistas é que as ONGs ainda não aprenderam a planejar. A pergunta que fica é, porque então, elas foram instituídas na sociedade?

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Lá no fundo da gente
Moram as coisas que pensamos e não dizemos.
Que não tem palavras para descrever
Lá no fundo, a gente é criança
Brinca de carro
Arruma a casinha
As coisas tomam outras proporções
Mais no tamanho
Que na concretude material dos objetos
Lá no fundo, a gente continua buscando
A procura do amigo
Dos tantos amigos que a gente tem na infância
e quando os dedos deixam de se esticar
já não temos mais tantos companheiros para contar
Lá no fundo a gente se perde,
só pra tentar se reencontrar
Passamos a vida querendo mais, mais e mais
E lá no fundo o eu mais intimo dorme, silencioso
O maior segredo...
muitas vezes não é descoberto
Érica Alcântara
4/1/2010