segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Agressão às mulheres: uma discussão rasa no Brasil

Esta semana o Conar vai julgar a proibição da propaganda da Hope, que estampou Gisele Budchen de lingerie “negociando” com o marido a penalidade de ter batido o carro e estourado o cartão de crédito. A Secretaria de Políticas para Mulheres, autora do pedido de proibição, solicitou também à rede Globo o término da veiculação de uma personagem que permite ser bolinada no vagão do Metrô Zorra Total, e a divulgação de serviços públicos contra violência da mulher, na novela “Fina estampa”, em que mãe e filha são frequentemente agredidas pelo homem da casa.

Existe um movimento do poder público em criar ações em combate à violência da mulher, seja por vários meios. Alguns, exagerados, como a violação do direito da criação publicitária. No Brasil, não se pode mais estampar na televisão o comportamento do brasileiro, ou melhor, da brasileira. Mulheres usam o charme (e isso envolve o corpo, às vezes) nas negociações o tempo inteiro! No local de trabalho, em casa, com os pais, com os filhos. Mulheres apanham, são agredidas verbalmente e ainda ficam contra os filhos, caso eles, nesta situação, repudiem o chefe da família. A questão desse texto não é concordar com esses feitos, mas de relembrar que isso acontece em muitas famílias.

Muito tempo antes da TV mostrar tais atos, mulheres já se insinuavam para homens em troca de algo, como também já apanhavam de seus maridos, eram submissas. Comportamentos como esses não foram criados pela TV. Concordo que a mídia tem grande papel na disseminação das informações e nas interpretações delas, mas castrar a criatividade dos profissionais que trabalham no meio é discutir o secundário.



Enquanto as políticas para as mulheres se preocupam em atacar o meio televisivo, não atentam para o caso de que a mudança no Código Penal tem criado mais impunidade aos homens que bolinam mulheres.

Como bem defendido no artigo publicado na Folha de hoje, o artigo 213, agora determina que beijo roubado, carícias, uma encoxada no metrô e outros tipos de agressões sejam considerados estupro. A pena para todos esses atos vai de seis a 10 anos de prisão, em regime fechado, igual ao indivíduo que pratica conjunção carnal numa moça levada a força para dentro de um matagal.

Todos os atos libidinosos são aterrorizantes e devem ser levados às autoridades competentes, mas é óbvio que os juízes teriam dificuldades de aplicar pena a um cara que passou a mão numa senhora dentro de um trem apertado. Resultado: mais ações judiciais no Fórum e aumento do número de “estupradores” no país. O acusado chega no banco dos réus e é absolvido, por falta de provas, ou recebe uma pena alternativa, ou é arquivado pelo não comparecimento de testemunhas, etc. Se é mandado para a cadeia, pego em flagrante, pode ser recebido com violência, e devolvido à sociedade com mais ódio do que quando entrou.

Aí eu pergunto, este era o objetivo final da punição? Por que o Brasil perdeu a capacidade de aplicar, corretamente, medidas para coibir as agressões contra as mulheres? Por que ainda acham, que para um problema social, a medida deva vir de cima para baixo, na legislação federal, antes que políticas públicas sejam inseridas de forma robusta?

Enfim, a discussão nunca sai do raso, mais fácil por a culpa na televisão. Ou então, o Estado assumiu de vez que a mídia virou a educadora oficial do país. Vale a lógica do quanto mais barulho melhor.

NOTA: Esta escriba repudia totalmente a forma como a Ministra da SPM, Iriny Lopes, está sendo aviltada pela mídia vingativa. Não é fazendo chacota do corpo desta senhora que a crítica será levada em conta. pelo contrário, isso mostra o quanto machista é a nossa sociedade. Fica ainda mais claro porque não conseguimos avançar nas dicussões.

domingo, 11 de setembro de 2011

Testando o feed

Este post é apenas para testar o redirecionador de feeds que eu estou usando. Segui o tutorial do Dicas Blogger que é massa. A equipe do Blogueiros do Alto Tietê que indicou!

Aliás, vale destacar a ideia brilhante que esta equipe teve. Vai começar a divulgar, através dos feeds, as postagens dos blogs da região, pelo twitter @blogueirosat.

Valeu meninos!! Estamos juntos nessa empreitada!

Teatro, sempre uma grande experiência

Depois de muito tempo, retornamos às salas de teatro. Escolhi assistir a atuação de Fábio Assunção, em “Adultérios”, que está em cartaz no Shopping Frei Caneca. Sempre admirei o ator, e achei que meses atrás quando vi a divulgação dessa peça, deveria prestigiá-lo após ele, corajosamente ter abandonado os sets da novela Insensato Coração, por conta do tratamento contra as drogas. Acho que todos nessas condições merecem um “pause” e um retorno gradativo ao trabalho. Quem dirá um ator que faria um dos papéis principais de uma novela das 21h.

Mas vamos à peça. Pelo nome e a sinopse achei que era mais um drama, um texto pesado e profundo. Marido já havia dito que queria ver algo leve. Não achamos muito legal o drama no teatro. As excelentes performances nos deixam carregados ao sair do local.

Para a minha surpresa, a peça tem um toque de comédia. Embora o enredo seja dramático, o texto é leve e os personagens cômicos. A história fala sobre um escritor que marca um encontro com sua amante na beira do Rio Hudson, em Nova York, para dar fim ao caso. O que ele não esperava, é que um andarilho bonachão estava no local ermo, e nunca mais foi embora.



(Jairo Goldflus/Divulgação)


Enquanto a moça não chega, o andarilho começa a interpelar o escritor até desvendar que o conhece! Tão profundamente, que sabe como é sua vida pessoal, seus trabalhos profissionais e ainda acusa o escritor de ter ocultado a co-participação no roteiro de um filme. Fala com tanta propriedade que o escritor, após muito relutar, acaba se resignando com a “intromissão” do andarilho.

A moça chega, acontece uma reviravolta, e o escritor e o andarilho descobrem que se encaixam na vida do outro de igual maneira como o ego e seu subconsciente.

Nem preciso dizer que a peça é brilhante. O texto, com esse enredo super interessante é de Woody Allen. Norival Rizzo tem uma segurança tão grande no palco que fez de um escritor comedido, um grande personagem. Fábio Assunção, o andarilho, conduziu a narrativa forte de maneira exemplar. A aura dele quase não cabe no palco, de tão marcante que é sua interpretação.

A cada apresentação, Assunção e Rizzo revezam os papéis. Tive a sorte de cair num dia que o primeiro era o andarilho. É este personagem que está no comando da apresentação.

Foi uma experiência incrível. Da chegada ao shopping antes nunca visitado ao término da peça. A única exceção foi descobrir que o ingresso na bilheteria foi R$20 mais caro. Mas na próxima apresentação estamos vacinados.

Ir ao teatro no faz remar contra a maré, dos bares e do cinema perto de casa. É desvendar a cada vez uma veia cultural nos porões de São Paulo, que são decorados especialmente para nós!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O destino é inexorável. A morte também.

Você já pensou como vai ser quando um ente seu muito querido morrer? Ás vezes nas minhas “brechas” fico imaginando, "e quando o fulano morrer, como vai ser?". A questão é, na verdade, como é que vou ficar.

Eu, que nunca passei por uma despedida como essa, sofro por antecipação com esses dias inexoráveis. A não ser o falecimento do meu avô paterno o qual não tinha muita aproximação, nunca ninguém morreu na minha família. Não sofri a dor da pena, sofri a tristeza momentânea do meu pai. Mas toda vez que penso na morte fico perturbada, desconsolada porque todas as pessoas, inevitavelmente vão partir. É ridículo escrever isso, mas é uma verdade, quem não pensa sobre esse clichê?

Reflito por aqui após ler um depoimento no excelente Tempo de Mulher , nova obra da jornalista Ana Paula Padrão (Yes, temos mais um espaço para nós!!!). Na sessão Você no Tempo de Mulher, Beth Amorim conta a história da perda de seu companheiro há 120 dias, ocorrida antes de grandes sonhos em comum se concretizarem.

Ela conta que há 120 dias luta para superar a dor. Que em uma semana voltou a trabalhar, que não recusa convites, mesmo que tenha que sair correndo pro banheiro dada uma crise de choro involuntária.

Penso eu que em 120 dias estaria jogada numa cama esperando........esperando o que mesmo?

É tempo de mudar algumas posturas. Sempre é. E a postura diante da morte é algo que tenho que trabalhar, mesmo sabendo que as reações são espontâneas. Tenho uma vida, relacionamentos consolidados, sim, alguém pode ir embora sem avisar antes, como no acidente de carro que envolveu o companheiro de Beth.

Refletir que a perda física é algo irreversível nos faz respirar fundo e seguir adiante, embora não diminua a dor. Mas acredito que uma força vem de algum lugar e nos dá mecanismos para aliviar o trauma. Há um tempo de luto diferente para todos, mas a fé em si mesmo tem o tamanho do infinito.

Deixar fluir, não alimentar sentimentos ruins no dia-a-dia, talvez pode nos ajudar nessas horas. Respirar fundo, levantar e sorrir, mesmo quando a vontade é de não sair do chão são práticas que levam um tempo para se tornar hábito. Quem sabe assim não melhoramos nossa vida?

Já disse o Janu, várias vezes, na Fraternidade da Luz, 20% são fatos que ocorrem em nossas vidas, 80% são as reações que temos com esses fatos. Não me recordo se este era o número exato, mas o contexto é este!

Sempre é hora de sermos melhores do que imaginamos. Não é uma questão de ser superior, mas sim de superação. O sentido da palavra muda.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O fiasco da BBC



A BBC anunciou no último dia 26 que vai veicular uma série que mostra os últimos momentos de vida de um homem de 84 anos, paciente de um câncer incurável. Segundo os produtores do programa, o objetivo é combater um tabu em torno do tema da morte. Querem mostrar minutos antes, e minutos depois do desligamento do cara.



Não há sequer nenhum argumento, quanto mais de interesse público para uma empresa jornalística levar pra casa de milhares de telespectadores o momento da morte de uma pessoa.



Me questiono qual tabu eles querem levar pro ar, sendo que a morte possui vários deles!!!! Pelo informe, não há intenção religiosa, nem técnica (já que profissionais da saúde veem isso todos os dias), nem ideológica, nem nada! Querem mostrar a morte, simplesmente, como se ela fosse padrão, como se houvesse uma única forma de compreendê-la.



O momento de desencarne é algo muito particular para a pessoa e para os familiares envolvidos na questão, seja de qualquer forma que ele vir a ocorrer. Não faz sentido levar a público algo que eleva vários sentimentos de tão várias maneiras que a gente até desconhece, sem nenhum objetivo específico que venha trazer algum benefício para a sociedade!



Isso não passa de um reality show barato, apelativo numa rede considerada entre as de mais credibilidade.



Pra finalizar o porta voz acredita "que este seja um caso de uma morte não violenta, natural, uma visão de todas as pessoas que ficaram próximas enquanto ele falecia".



E????????????????



O que vai compor este momento??? Sentimentos, vivências na família que NUNCA uma série conseguirá retratar de forma fiel nem que ela dure seis meses! Nunca seríamos capazes de captar no silêncio dessas pessoas o que significou todo aquele processo, desde o momento em que passaram a conviver com o hoje adoentado.



Então, voltemos, qual é mesmo a utilidade dessa proposta?



Francamente, que decepção BBC!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Law & Order e o Cytotec no Brasil


No Law & Order: SVU de ontem, a legista disse que o aborto da estuprada foi feito com Misoprostol (Cytotec para nós, quem nunca ouviu um caso??), remédio pra úlcera e que tem livrado várias mulheres brasileiras de carnificinas das clínicas clandestinas no país. No diálogo ficou subtendido que o Misoprostol era benéfico pq quase não havia efeito colateral. No final do capítulo, a vítima morre devido a uma bactéria que se gerou das substâncias do aborto.

Apesar de falarmos sobre uma obra ficcional (o seriado), achei totalmente descabida a informação do Cytotec benéfico para brasileiras.

Benéfico não é e nunca será, o que foi corroborado no final da série, com a morte da menina.

Agora fico pensando qtas desmioladas poderão falar para outras que ouviu na série americana que o Cytotec é uma boa opção face à clínicas clandestinas no Brasil.



Com os nossos problemas de sáude pública não se brinca!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Dúvida



Não existe nada pior na vida do que a dúvida. A todo tempo estamos em busca do sim ou não, sempre muito lógico e objetivo. Deixar a decisão para o destino, não, isso não está nos planos de ninguém.

Não é de hoje que ouvimos falar da doença da dúvida. Certamente o seu bisavô ou o avô morreram de câncer. Toda família tem um caso do tipo, mas parece que antes descobriam a doença após a morte, ou muito próxima dela, ou com outras complicações, enfim. Não há relatos de que minha bisavó passou por um tratamento penoso no hospital.

E é aí onde mora o sofrimento: no tratamento. A pessoa descobre um tumor, muitas vezes indolor e quando começa o tratamento químico, é que sente a dor de ter um câncer. Como entender que para matar uma doença no corpo você deve enchê-lo de radiação? Usar terapias com efeitos colaterais indescritíveis?

Um médico ateu um dia disse: toda doença parte da alma. E dizem que para tratar a alma é necessário tempo e perseverança. Outros dizem, também, que por isso, o câncer pode ser prevenido. Mas vai falar isso pra quase todos os enfermos, pegos de surpresa...

Correntes ideológicas a parte, vejo o câncer como uma doença coletiva. Para a família, para os amigos próximos. Todos entram em tratamento, às duras penas, esperando a ação do tempo, e a concretização do destino, se o tratamento será aceito pelo organismo, se a cura será para sempre, ou se haverá resquícios.

É um tratamento da alma, um período em que os envolvidos refletem sobre o futuro que tanto planejamos, e que sempre é incerto.

Talvez o câncer venha para ser uma pausa na vida, e de uma forma positiva, até. Uma pausa para aprendermos a viver o hoje, demonstrar afeto hoje, apreciar as belas coisas que Deus nos deu, no agora, antes que elas passem despercebidas.
Não sei qual será minha reação se um dia for acometida pela doença, ou ocorrer com alguém muito próximo, como o meu marido ou meus pais. Mas me espelho em algumas atitudes por aí.

Como a da minha cunhada, há meses, na angústia de confirmar nódulos malignos e de ter que envolver toda a família nesse processo. Ela sempre escreve, “decido ser feliz todos os dias”. É algo memorável a fazer por nós mesmos, não obstante a toda dificuldade que isso nos impele.

Devemos perseguir isso. Treinar ser feliz todos os dias, para atenuar a dor da dúvida diante das agruras do destino.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Sempre passa...



Ontem tive um surto por comida gorda. Vi a lua gigante e achei que poderia comer uma parte do excesso.

Devido a uma chateação e por estar com a serotonina baixa por conta de dieta descontrolei o meu humor e veio a deprê. Já estava combinado com o marido: depois do inglês, pizza e cerveja!!! No final, retomei as rédeas e acabei num pãozinho integral, mussarela e toddy light.

Um dos motivos: Saí para caminhar. Fiquei esbaforida na rampa, passei frio depois calor e conversei com as amigas. Mudei o foco do meu pensamento!!! Cheguei em casa ainda na deprê, mas a vontade louca havia passado.

Hoje ao acordar senti um alívio muito forte em não ter cometido aquele ato de insanidade. Meus problemas continuariam os mesmos e eu só estaria com um baita peso na barriga e na consciência.

Com o tempo a gente aprende a domar as emoções para não descontar no corpo. Cada um que ache sua válvula de escape, embora ache que o exercício físico sirva a todos. Basta descobrirmos como o exercício e a forma que ele pode nos ajudar.

Eu fui caminhar ontem. E mais do que saúde eu ganhei autocontrole. Esta foi minha maior vitória!